A
árvore ornamentada é um símbolo natalino acolhido há séculos
pelo cristianismo. São Bonifácio, provavelmente, foi o primeiro santo
católico a usar a árvore nesse contexto, ainda no século VIII. Em seu trabalho
de catequese junto aos druidas, que adoravam árvores de carvalho como símbolos
da divindade, São Bonifácio começou a usar outra árvore, o abeto, porque a
sua forma triangular ajuda a simbolizar a Santíssima
Trindade e porque os seus ramos verdes apontam para o céu.
Quando as árvores de Natal começaram a se popularizar, houve
preocupação com o caráter pagão da sua origem, mas as devidas
contextualizações fizeram dela um símbolo arraigado com segurança na fé
cristã. Aliás, o simbolismo da árvore é riquíssimo em nossa tradição:
nossos primeiros pais foram orientados por Deus a não comerem dos frutos de uma
das árvores do Éden; Cristo pagou o preço altíssimo da nossa redenção
crucificado em um tronco de árvore; os ramos verdes e as luzes que decoram a
árvore natalina evocam o Cristo como a Luz Eternaque vem a um mundo
envolto em escuridão… Apesar dos fortes matizes comerciais que a
foram descaracterizando principalmente desde o século passado, a
árvore de Natal é um símbolo válido para a vinda de Cristo ao mundo – mas é preciso
que este simbolismo fique claro para as famílias católicas que a
decoram nesta época.
No entanto, mesmo com essa validação contextual, a árvore de
Natal não é, de forma alguma, o principal símbolo visual do Nascimento de
Jesus.
O principal símbolo visual do
Natal é o presépio!
Foi São Francisco de Assis quem montou em Greccio, na
Itália, no já longínquo ano de 1223, o primeiro presépio da história.
E foi um presépio vivo, com moradores da pequena localidade
representando o Menino Jesus na manjedoura, Nossa Senhora, São José, os Reis
Magos, os pastores e os anjos. Os animais também eram reais: o boi, o burrico,
as ovelhas…
Não demorou para que esta piedosa iniciativa se
espalhasse, transformando-se em costume natalino e dando origem aos presépios
esculpidos, que se popularizaram nas igrejas por volta do século XVI, graças ao
trabalho evangelizador dos padres jesuítas.
Existem tradições cheias de significado em torno à
própria montagem do presépio, que vai sendo preparado por etapas. Confira
algumas dessas tradições:
Como preparar o presépio em
etapas significativas
– Primeiro vão sendo colocados os animais, os pastores, a
manjedoura, o cenário em geral – mas sem as figuras dos protagonistas Jesus,
Maria e José, nem os anjos, nem a estrela, nem os três reis.
– Há famílias que só colocam no presépio as imagens da
Santíssima Virgem Maria e de São José na tarde do dia 24, mas ainda sem o
Menino Jesus.
– A manjedoura permanece vazia até a meia-noite, quando,
simbolizando o Nascimento do Filho de Deus, a imagem do Menino é finalmente ali
colocada!
– Com o Menino Deus, também são colocados os anjos, que evocam o
cântico “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”,
mencionado nas Escrituras.
– Juntamente com os anjos, é colocada no topo do presépio a
estrela que guiou os três reis do Oriente até Belém para venerarem o Salvador:
Gaspar, Melchior e Baltazar. Esses três reis representam todos os povos da
terra e são figurados com as suas exóticas montarias: camelos ou mesmo
elefantes.
– Há quem comece a posicionar os três reis no presépio somente a
partir do dia 25: inicialmente, eles estão longe da gruta, ainda a caminho, e
vão sendo aproximados um pouco mais a cada dia até chegarem junto ao Menino na
festa da Epifania, em 6 de janeiro.
Verdadeira catequese doméstica
O presépio, afinal de contas, não é um simples adorno: é uma
belíssima forma visual de manifestarmos a nossa fé e a nossa oração, durante a
espera e a celebração pela chegada do Salvador. Essa tradição envolve um
processo, um crescimento, uma participação dinâmica da família na história mais
bela de todos os tempos. É uma verdadeira catequese doméstica, especialmente
para as crianças!
Resistência à secularização
forçada
O influxo da secularização forçada, que desvirtuou completamente
o sentido da árvore de Natal (e do próprio Natal), tem muito mais dificuldade
em apagar o simbolismo explícito que está presente no presépio, já que, nele, a
referência ao Salvador é direta e óbvia.
É por isso que o presépio foi sendo simplesmente “ignorado”,
deixado de lado para ser aos poucos esquecido – em não poucos casos, é tratado
como coisa “cafona”, de “mau gosto”… ou pior: há casos, em plena Europa
“democrática” do nosso século XXI, de prefeituras que chegaram a proibir o
presépio em áreas visíveis ao público a fim de não “ofender” os seguidores de
outras religiões…
Seria uma pena que as famílias católicas também se deixassem
levar pelo “esquecimento” do presépio.
E na sua casa, católico, tem lugar para o presépio este ano?
Por Aleteia
